quarta-feira, 30 de abril de 2008

sábado, 26 de abril de 2008

The End


Fim do filme... Fim da música... Fim do livro... Fim da sobremesa... Fim do fim-de-semana... Fim da festa... Fim do curso... Fim de uma relação... O fim tende a ser melancólico, trás aquele aperto no peito, quando acaba algo que gostamos muito dá vontade de ter aquele reação infantil : - Ah! Acaboou ?!!!.

É claro que também há fins esperados e comemorados como o fim do expediente após um dia exaustivo de trabalho... O Fim da semana (a esperada sexta-feira)... O fim da espera quando marcamos um encontro... O fim de tarde com aquele pôr do sol...

Nem todos os fins são tristes, só lamentamos pelo fim cujo o meio foi bom, o que queríamos na verdade era estender o bem que nos fez aquele fim de semana ao lado daquele amor, ou a sensação extática que nos trouxe ler aquele livro ou ouvir aquela música especial ( talvez por isso relemos livros e não cansamos de ouvir a mesma música), queríamos esticar aquele feriado por mais uns cinco dias, e que a sensação do sabor daquela sobremesa permanecesse...

Toda vez que experimentamos algo bom que acaba lamentamos pois há em nós o desejo pela eternidade, "bom e eterno" deveriam andar lado a lado, mas aqui ainda não vivemos isso, é algo para mais tarde. Por isso, gosto de pensar que sempre que presencio algo bom, mesmo que por pouco tempo, estou tendo vislumbres do eterno, daquilo que me aguarda no fim de todas as coisas...

Assim, a leitura de um livro, a companhia de amados, a música, a paisagem apreciada, o sabor , e tudo auilo que é bom de fato nessa vida é um pedaço do eterno, sem querer ser herética, diria que é um pedaço do Céu.
Rosilene G. Ribeiro

O gigolô das palavras



por Luís Fernando Veríssimo
Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma missão, designada por seu professor de Português: saber se eu considerava o estudo da Gramática indispensável para aprender e usar a nossa ou qualquer outra língua. Cada grupo portava seu gravador cassete, certamente o instrumento vital da pedagogia moderna, e andava arrecadando opiniões. Suspeitei de saída que o tal professor lia esta coluna, se descabelava diariamente com suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aquela oportunidade para me desmascarar. Já estava até preparando, às pressas, minha defesa ("Culpa da revisão! Culpa da revisão !"). Mas os alunos desfizeram o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos tinham escolhido os nomes a serem entrevistados. Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo errado? Não. Então vamos em frente.
Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer "escrever claro" não é certo mas é claro, certo? O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, mover... Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com Gramática.) A Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí é de interesse restrito a necrólogos e professores de Latim, gente em geral pouco comunicativa. Aquela sombria gravidade que a gente nota nas fotografias em grupo dos membros da Academia Brasileira de Letras é de reprovação pelo Português ainda estar vivo. Eles só estão esperando, fardados, que o Português morra para poderem carregar o caixão e escrever sua autópsia definitiva. É o esqueleto que nos traz de pé, certo, mas ele não informa nada, como a Gramática é a estrutura da língua mas sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias conversam entre si em Gramática pura.
Claro que eu não disse isso tudo para meus entrevistadores. E adverti que minha implicância com a Gramática na certa se devia à minha pouca intimidade com ela. Sempre fui péssimo em Português. Mas - isso eu disse - vejam vocês, a intimidade com a Gramática é tão indispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha total inocência na matéria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que outros já fizeram com elas. Se bem que não tenho o mínimo escrúpulo em roubá-las de outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo. São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito.
Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria a sua patroa ! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção dos lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias pra saber quem é que manda.

sábado, 19 de abril de 2008

Quem me dera ...



Ela une todas as coisas
Jorge Vercilo
Composição: Jorge Vercilo / Jota Maranhão

Ela une todas as coisas
como eu poderia explicar
um doce mistério de rio
com a transparência de um mar ?

Ela une todas as coisas
quantos elementos vão lá …
sentimento fundo de água
com toda leveza do ar

Ela está em todas as coisas
até no vazio que me dá
quando vejo a tarde cair
e ela não está

Talvez ela saiba de cor
tudo que eu preciso sentir

Pedra preciosa de olhar !
Ela só precisa existir
para me completar

Ela une o mar
com o meu olhar
Ela só precisa existir
pra me completar

Ela une as quatro estações
Une dois caminhos num só
Sempre que eu me vejo perdido
une amigos ao meu redor
Ela está em todas as coisas
até no vazio que me dá...

Une o meu viver
com o seu viver
Ela só precisa existir
para me completar

domingo, 13 de abril de 2008

O avesso da História



Que terrível cavaleiro
De armadura reluzente
Como um raio vai ligeiro
Pra matar gente inocente
O punhal brilha amolado
Zelo cego e equivocado
Semeando atrocidades
Rege em sangue as cidades

Mas na estrada de Damasco
Cai vertiginosamente
Abatido o carrasco
Feito uma estrela cadente
Frente a frente com a glória
Do Jesus que perseguia
Olha o avesso da história
A mais santa ironia

Mudou, mudou
Ele agora é perseguido
E sabe o que é a dor
Mudou, vive, morre, prega e chora
Pelo seu Senhor
Mudou, traz no corpo as marcas
Que por Cristo conquistou
Mudou, rosto que antes aguerrido
Enfim suavizou

Mudou, mudou , anda comovido
Constrangido pelo amor
Mudou, quando torturado
Canta um hino de louvor
Mudou, quer que o mundo inteiro
Saiba quem o transformou
Mudou, porque muda mesmo aquele
A quem o amor mudou
Stênio Marcius

Fim de tarde no portão


Fim de tarde no portão
A cabeça branca ao relento
Teimosia de paixão
Faz das cinzas renascer alento
Na estrada o seu olhar
Procurando um vulto conhecido
Espera um dia abraçar
Quem diziam já estar perdido
O seu amor é tão forte
Mais que o inferno e a morte
São torrentes que arrebentam o chão
Mais fácil secar os mares
Apagar a estrela antares
Que arrancar o amor de seu coração
Fim de tarde se debruça no portão
Mas um dia aconteceu
E o moço retornou mendigo
O pai depressa correu
E abraçou o filho tão querido
Tragam roupas e o anel
Calçem logo os seus pés, milagre!
Vinho do melhor tonel
Tanta alegria em mim não cabe
O seu amor é tão forte.....
Fim de tarde está deserto o portão
Stênio Marcius

Estima



Um lamento de cortar o coração
Ecoou no vale, todo mundo ouviu
Um pastou aflito
Conta e reconta sem querer acreditar
Falta uma ovelha no curral

Comovido vai em busca de encontrá-la
Ela é fraca e tola, mas ele a estima
Sobe e desce morro, mil perigos
Vai exausto sem jamais perder
A ternura quando chama o nome dela

Por lugares tortos e sombrios
Sofre quando a imagina ali
Fosse outro encerraria a busca
Mas incompreensivelmente a ama
E no fim da madrugada a encontra
Ferida e assustada, mas com vida
E desce a ribanceira como aos vinte anos
E a toma com cuidadoSobre os ombros fartos

Que alarido é esse no amanhecer?
É o pastor fazendo festa no arraial
Como se tivesse achado
O maior tesouro que jamais se viu
É só uma ovelha,
Mas como a estima

Stênio Marcius

Estou submergida


Estou submergida em Lucas 15 .
Há mais ou menos um mês esse texto me persegue...

não canso de ler, cantar, meditar, chorar, ler .... cantar, meditar, chorar ...
Nessa Graça Maravilhosa !!!

Essas são algumas das letras de músicas que têm me acompanhado nesse mergulho...
São todas de Stênio Marcius