sábado, 2 de outubro de 2010

Política... rsrsrs



 Quando os Vilões se Encontram
Ilustrações: Estúdio MolEstavam todos lá. Pense num, em qualquer um, e ele estava lá. O Capitão Gancho? Lá. A madrasta e as irmãs de Cinderela? Lá. A Rainha Malvada de Branca de Neve? Também. A Bruxa Má do Oeste? É claro que estava lá!

E isso sem falar em Dick Vigarista, Freddy Krueger, Coringa, Darth Vader, Mancha Negra, Lex Luthor, Cavaleiro Negro e mais algumas bruxas, uns dragões e outros monstros.

Era a Reunião Universal dos Inimigos Malvados, a R.U.I.M.

Todos chegaram à meia-noite em ponto ao Salão Negro do Castelo das Assombrações.

O Lobo Mau, que era o presidente da associação, tomou a palavra e disse:

– Caros vilões, estamos aqui reunidos por um motivo muito importante: ninguém respeita nossos direitos. Em todos os finais de história nós apanhamos e perdemos, sempre. Basta! Precisamos lutar contra isso! Precisamos virar a mesa, certo?

– Certo! – gritaram todos.

– Pois bem, meus amigos, e para lutar pelos nossos direitos proponho que fundemos um partido político, o PPPP: Partido dos Pulhas, Patifes e Pilantras! Quem estiver de acordo levante a mão, o gancho ou o rabo.

Imediatamente todos os vilões levantaram alguma coisa.

– Então, meus caros – continuou o Lobo Mau –, solenemente declaro fundado o PPPP. Com ele, em breve vamos concorrer aos principais cargos públicos. Seremos vereadores, deputados e senadores, governadores e prefeitos. Talvez até façamos o presidente!

“Urruuuuu!”, “Éééééé!”, “Fiiiiiiiu!”, “É nóis!”, urraram, assobiaram e gritaram os vilões, entusiasmados.

Nesse instante, o Lobo teve a idéia do slogan de sua candidatura: “Lobo Mau: Ninguém gosta mais de vovozinhas do que ele”.

Muitos outros vilões também começaram a imaginar como seriam suas campanhas. Por exemplo:

Darth Vader pensou em espalhar panfletos com sua foto por toda a cidade, dizendo: "Vote em Darth Vader - o candidato das estrelas".

Capitão Gancho imaginou uma foto de seu gancho com os dizeres: “Este não vai botar a mão no dinheiro público.”

Fred Krueger pensou em fazer umas camisetas onde haveria uma foto sua e, embaixo dela, a frase: "Este é o candidato dos seus sonhos.”

Dick Vigarista iria fazer uma carreata e distribuir medalhas para todos, que nem ele faz com o Mutley.

A Madrasta queria espalhar folhetos com sua proposta de governo: “Trabalho para todos, principalmente para Cinderela”.

A Rainha Malvada da Branca de Neve sonhava em distribuir maçãs grátis para todos no dia da eleição.

A Bruxa Má do Oeste criou uma música que começava assim: "Se você é do norte, do sul, ou do leste, vote na Bruxa Má do Oeste..."

E o Coringa imaginou um comercial de televisão onde todo mundo teria uma risada igual à dele, e no final surgiria o slogan: "Vote no Coringa e ganhe um sorriso permanente!"

Todos estavam assim, sonhando com suas campanhas, quando Voldemort, o inimigo de Harry Porter, perguntou em voz alta: “Mas onde vamos conseguir dinheiro para pagar nossos cartazes, programas de televisão, músicas para pôr no rádio, medalhas, camisetas, maçãs etc...?
O Lobo Mau ajeitou sua cartola e respondeu:


“Vamos roubar o Banco Central, é claro. Vai ser assim: o Coringa usa seu gás do riso nos guardas, eu arrombo o cofre com meu sopro, o Capitão Gancho e Freddy Krueger enchem as mãos de dinheiro e depois fugimos no carro de Dick Vigarista.”

Todos bateram palmas para o Lobo, menos Darth Vader, que falou:

“A idéia é boa, mas não vai dar certo. Esses bancos têm câmeras. Se mostrarem o assalto na tevê, ninguém mais vai votar na gente.”

“É verdade, é verdade...”, concordaram todos.

“Então só vejo uma saída...”, falou o Lobo: “Teremos que trabalhar.”

O pessoal não gostou muito da idéia, mas, como não tinha outro jeito, todos começaram a procurar algum modo de ganhar dinheiro honestamente:

- a Madrasta da Banca de Neve foi vender maçãs na feira,

- Dick Vigarista virou chofer de táxi.

- a Bruxa Má do Oeste conseguiu emprego de aeromoça,

- Freddy Krueger passou a vender sonhos numa padaria,

- as filhas da madrasta da Cinderela colocaram uma placa na porta de casa com os dizeres: “Manicure e Pedicure. Fazemos unhas decoradas”,

- Orochimaru, o inimigo de Naruto, começou a dar aulas particulares de treinamento ninja,

- o Coringa começou a vender dentaduras tamanho GGG nos faróis, dizendo: "Deixe seu sorriso maior ainda",

- Darth Vader conseguiu emprego num restaurante como descascador de batatas,

- Mancha Negra virou vendedor de cartuchos de impressora e tonner,

- e o Lobo Mau foi fazer bico num zoológico.

Depois de três meses de trabalho duro, eles juntaram tudo o que conseguiram guardar e levaram o dinheiro até uma agência de publicidade.

O dono da agência olhou para aquele monte de moedas e notas de um real, e disse: “Pessoal, este dinheirinho de vocês não dá para nada. Aqui deve ter uns mil reais. Mas a campanha de um candidato a deputado federal custa pelo menos um milhão.”

“Um milhão!”, assustaram-se os vilões.

“E de um candidato só”, explicou o dono da produtora. “Com o dinheiro de vocês só vai dar para fazer uns cartazes e umas camisetas.”

Foi o que os vilões fizeram. Cada um ficou com um cartaz e uma camiseta com o seu rosto.
Aí, no dia da eleição, eles resolveram fazer um comício.
Quarta parte

Para atrair as pessoas, os vilões transformaram o automóvel de Dick Vigarista num carro de som. Lá dentro, Darth Vader dizia pelo alto-falante com sua voz cavernosa: “Venham, venham para o grande comício do PPPP!”

No palco, Voldemort realizava mágicas, o Pizza-Bomba executava malabarismos com sua pizza e Kevin, o inimigo do Ben10, fazia um show de fogo. Lá embaixo, Fred Krueger e Capitão Gancho apertavam as mãos das pessoas. Tudo para atrair os eleitores.

Quando já havia bastante gente ali em volta, o Lobo Mau subiu no palanque e começou seu discurso:

“Caros cidadãos, nós, do PPPP, queremos pedir o seu vo...”

Mas nem deu para ele falar o “to”.

É que do outro lado da rua apareceu um gigantesco caminhão, daqueles de trio elétrico, e em cima dele havia tudo quanto é tipo de herói: Mickey, Peter Pan, Cinderela, Branca de Neve, Penélope Charmosa, Batman, Super-Homem, Dorothy, Lucke Skywalker, Naruto, e a líder de todos, a Chapeuzinho Vermelho.

Fogos estouravam no ar, tocava uma música da Ivete Sangalo e todos os heróis dançavam. Na lateral do caminhão estava escrito com umas letras bem grandes: "Vote no PFF, o Partido dos Finais Felizes."

Isso mesmo, os mocinhos também estavam participando das eleições.

Quando o supercaminhão chegou perto do palanque, o Lobo Mau perguntou para a Chapeuzinho: “Onde é que vocês conseguiram dinheiro para tudo isso?”

E a Chapeuzinho respondeu: “Foram as empresas que deram para a gente. Por exemplo, o Mickey recebeu dinheiro da Disney. Se ele ganhar, vai tentar fazer com que o governo dê um tantão de terra para eles construírem um parque na Amazônia.”

“E você?”, perguntou o Lobo para a Chapeuzinho.

Ela respondeu: “Eu recebi doações de uma fábrica de chapéus. Se eu ganhar, meu primeiro projeto vai ser obrigar o uso do chapéu nas escolas, assim a empresa que me deu o dinheiro vai ficar mais rica.”

Então o supercaminhão do PFF se afastou e todo o povo foi dançando atrás dele.

Os vilões ficaram ali, sozinhos.

No dia seguinte, quando contaram os votos, o resultado foi que...

...cada um dos vilões conseguiu apenas um voto. Ou seja, cada um votou em si mesmo. E foi só. Os mocinhos conseguiram todos os outros votos.
Os vilões se reuniram no Salão Negro do Castelo das Assombraçoes para dissolver o PPPP. Estavam todos cabisbaixos. O Lobo Mau até uivava de tristeza. qaundo ele conseguiu parar com os ganidos, desabafou:
- Desta vez fizemos tudo certo. Até trabalhamos honestamente. Mesmo assim fomos derrotados...
- Os mocinhos venceram porque tinham muito dinheiro - falou o Capitão Gancho.
- E porque pareciam bonzinhos - suspirou Dick Vigarista.
- Nesse negócio de política, tem de ser mais vilão que os vilões - disse Darth Vader com sua voz de trovão.

José Roberto Torero é autor deste conto colaborativo. é formado em Letras e Jornalismo, escritor de váriuos livros e roteirista de cinema e televisão