BONITO ISSO !!!
sábado, 2 de outubro de 2010
Política... rsrsrs
Quando os Vilões se Encontram
Estavam todos lá. Pense num, em qualquer um, e ele estava lá. O Capitão Gancho? Lá. A madrasta e as irmãs de Cinderela? Lá. A Rainha Malvada de Branca de Neve? Também. A Bruxa Má do Oeste? É claro que estava lá!
E isso sem falar em Dick Vigarista, Freddy Krueger, Coringa, Darth Vader, Mancha Negra, Lex Luthor, Cavaleiro Negro e mais algumas bruxas, uns dragões e outros monstros.
Era a Reunião Universal dos Inimigos Malvados, a R.U.I.M.
Todos chegaram à meia-noite em ponto ao Salão Negro do Castelo das Assombrações.
O Lobo Mau, que era o presidente da associação, tomou a palavra e disse:
– Caros vilões, estamos aqui reunidos por um motivo muito importante: ninguém respeita nossos direitos. Em todos os finais de história nós apanhamos e perdemos, sempre. Basta! Precisamos lutar contra isso! Precisamos virar a mesa, certo?
– Certo! – gritaram todos.
– Pois bem, meus amigos, e para lutar pelos nossos direitos proponho que fundemos um partido político, o PPPP: Partido dos Pulhas, Patifes e Pilantras! Quem estiver de acordo levante a mão, o gancho ou o rabo.
Imediatamente todos os vilões levantaram alguma coisa.
– Então, meus caros – continuou o Lobo Mau –, solenemente declaro fundado o PPPP. Com ele, em breve vamos concorrer aos principais cargos públicos. Seremos vereadores, deputados e senadores, governadores e prefeitos. Talvez até façamos o presidente!
“Urruuuuu!”, “Éééééé!”, “Fiiiiiiiu!”, “É nóis!”, urraram, assobiaram e gritaram os vilões, entusiasmados.
Nesse instante, o Lobo teve a idéia do slogan de sua candidatura: “Lobo Mau: Ninguém gosta mais de vovozinhas do que ele”.
Muitos outros vilões também começaram a imaginar como seriam suas campanhas. Por exemplo:
Darth Vader pensou em espalhar panfletos com sua foto por toda a cidade, dizendo: "Vote em Darth Vader - o candidato das estrelas".
Capitão Gancho imaginou uma foto de seu gancho com os dizeres: “Este não vai botar a mão no dinheiro público.”
Fred Krueger pensou em fazer umas camisetas onde haveria uma foto sua e, embaixo dela, a frase: "Este é o candidato dos seus sonhos.”
Dick Vigarista iria fazer uma carreata e distribuir medalhas para todos, que nem ele faz com o Mutley.
A Madrasta queria espalhar folhetos com sua proposta de governo: “Trabalho para todos, principalmente para Cinderela”.
A Rainha Malvada da Branca de Neve sonhava em distribuir maçãs grátis para todos no dia da eleição.
A Bruxa Má do Oeste criou uma música que começava assim: "Se você é do norte, do sul, ou do leste, vote na Bruxa Má do Oeste..."
E o Coringa imaginou um comercial de televisão onde todo mundo teria uma risada igual à dele, e no final surgiria o slogan: "Vote no Coringa e ganhe um sorriso permanente!"
Todos estavam assim, sonhando com suas campanhas, quando Voldemort, o inimigo de Harry Porter, perguntou em voz alta: “Mas onde vamos conseguir dinheiro para pagar nossos cartazes, programas de televisão, músicas para pôr no rádio, medalhas, camisetas, maçãs etc...?
O Lobo Mau ajeitou sua cartola e respondeu:
“Vamos roubar o Banco Central, é claro. Vai ser assim: o Coringa usa seu gás do riso nos guardas, eu arrombo o cofre com meu sopro, o Capitão Gancho e Freddy Krueger enchem as mãos de dinheiro e depois fugimos no carro de Dick Vigarista.”
Todos bateram palmas para o Lobo, menos Darth Vader, que falou:
“A idéia é boa, mas não vai dar certo. Esses bancos têm câmeras. Se mostrarem o assalto na tevê, ninguém mais vai votar na gente.”
“É verdade, é verdade...”, concordaram todos.
“Então só vejo uma saída...”, falou o Lobo: “Teremos que trabalhar.”
O pessoal não gostou muito da idéia, mas, como não tinha outro jeito, todos começaram a procurar algum modo de ganhar dinheiro honestamente:
- a Madrasta da Banca de Neve foi vender maçãs na feira,
- Dick Vigarista virou chofer de táxi.
- a Bruxa Má do Oeste conseguiu emprego de aeromoça,
- Freddy Krueger passou a vender sonhos numa padaria,
- as filhas da madrasta da Cinderela colocaram uma placa na porta de casa com os dizeres: “Manicure e Pedicure. Fazemos unhas decoradas”,
- Orochimaru, o inimigo de Naruto, começou a dar aulas particulares de treinamento ninja,
- o Coringa começou a vender dentaduras tamanho GGG nos faróis, dizendo: "Deixe seu sorriso maior ainda",
- Darth Vader conseguiu emprego num restaurante como descascador de batatas,
- Mancha Negra virou vendedor de cartuchos de impressora e tonner,
- e o Lobo Mau foi fazer bico num zoológico.
Depois de três meses de trabalho duro, eles juntaram tudo o que conseguiram guardar e levaram o dinheiro até uma agência de publicidade.
O dono da agência olhou para aquele monte de moedas e notas de um real, e disse: “Pessoal, este dinheirinho de vocês não dá para nada. Aqui deve ter uns mil reais. Mas a campanha de um candidato a deputado federal custa pelo menos um milhão.”
“Um milhão!”, assustaram-se os vilões.
“E de um candidato só”, explicou o dono da produtora. “Com o dinheiro de vocês só vai dar para fazer uns cartazes e umas camisetas.”
Foi o que os vilões fizeram. Cada um ficou com um cartaz e uma camiseta com o seu rosto.
Aí, no dia da eleição, eles resolveram fazer um comício.
Quarta parte
Para atrair as pessoas, os vilões transformaram o automóvel de Dick Vigarista num carro de som. Lá dentro, Darth Vader dizia pelo alto-falante com sua voz cavernosa: “Venham, venham para o grande comício do PPPP!”
No palco, Voldemort realizava mágicas, o Pizza-Bomba executava malabarismos com sua pizza e Kevin, o inimigo do Ben10, fazia um show de fogo. Lá embaixo, Fred Krueger e Capitão Gancho apertavam as mãos das pessoas. Tudo para atrair os eleitores.
Quando já havia bastante gente ali em volta, o Lobo Mau subiu no palanque e começou seu discurso:
“Caros cidadãos, nós, do PPPP, queremos pedir o seu vo...”
Mas nem deu para ele falar o “to”.
É que do outro lado da rua apareceu um gigantesco caminhão, daqueles de trio elétrico, e em cima dele havia tudo quanto é tipo de herói: Mickey, Peter Pan, Cinderela, Branca de Neve, Penélope Charmosa, Batman, Super-Homem, Dorothy, Lucke Skywalker, Naruto, e a líder de todos, a Chapeuzinho Vermelho.
Fogos estouravam no ar, tocava uma música da Ivete Sangalo e todos os heróis dançavam. Na lateral do caminhão estava escrito com umas letras bem grandes: "Vote no PFF, o Partido dos Finais Felizes."
Isso mesmo, os mocinhos também estavam participando das eleições.
Quando o supercaminhão chegou perto do palanque, o Lobo Mau perguntou para a Chapeuzinho: “Onde é que vocês conseguiram dinheiro para tudo isso?”
E a Chapeuzinho respondeu: “Foram as empresas que deram para a gente. Por exemplo, o Mickey recebeu dinheiro da Disney. Se ele ganhar, vai tentar fazer com que o governo dê um tantão de terra para eles construírem um parque na Amazônia.”
“E você?”, perguntou o Lobo para a Chapeuzinho.
Ela respondeu: “Eu recebi doações de uma fábrica de chapéus. Se eu ganhar, meu primeiro projeto vai ser obrigar o uso do chapéu nas escolas, assim a empresa que me deu o dinheiro vai ficar mais rica.”
Então o supercaminhão do PFF se afastou e todo o povo foi dançando atrás dele.
Os vilões ficaram ali, sozinhos.
No dia seguinte, quando contaram os votos, o resultado foi que...
...cada um dos vilões conseguiu apenas um voto. Ou seja, cada um votou em si mesmo. E foi só. Os mocinhos conseguiram todos os outros votos.
Os vilões se reuniram no Salão Negro do Castelo das Assombraçoes para dissolver o PPPP. Estavam todos cabisbaixos. O Lobo Mau até uivava de tristeza. qaundo ele conseguiu parar com os ganidos, desabafou:
- Desta vez fizemos tudo certo. Até trabalhamos honestamente. Mesmo assim fomos derrotados...
- Os mocinhos venceram porque tinham muito dinheiro - falou o Capitão Gancho.
- E porque pareciam bonzinhos - suspirou Dick Vigarista.
- Nesse negócio de política, tem de ser mais vilão que os vilões - disse Darth Vader com sua voz de trovão.
José Roberto Torero é autor deste conto colaborativo. é formado em Letras e Jornalismo, escritor de váriuos livros e roteirista de cinema e televisão
quinta-feira, 29 de julho de 2010
O padeiro
RUBEM BRAGA Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento - mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a "greve do pão dormido". De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo. Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. Enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando: - Não é ninguém, é o padeiro! Interroguei-o uma vez: como tivera a idéia de gritar aquilo? "Então você não é ninguém?" Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: "não é ninguém, não, senhora, é o padeiro". Assim ficara sabendo que não era ninguém... Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina - e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como o pão saído do forno. Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; "não é ninguém, é o padeiro!" E assobiava pelas escadas. Rio, maio, 1956. |
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Conversa de pai e filha
Crônica de Antônio Maria
- Pai, eu tenho um namorado.
Pai, que ouve isso da filha mocinha, pela primeira vez, sente uma dor muito grande. Todo sangue lhe sobe à cabeça, e o chão do mundo roda sob seus pés. Ele pensava, até então, que só a filha dos outros tinha namorado. A sua tem, também. Um namorado presunçosamente homem, sem coração e sem ternura. Um rapazola, banal, que dominará sua filha. Que a beijará no cinema e lhe sentirá o corpo, no enleio da dança. Que lhe fará ciúmes de lágrimas e revolta; pior ainda, de submissão, enganando-a com outras mocinhas. Que, quando sentir os seus ciúmes, com toda certeza, lhe dirá o nome feio e, possivelmente, lhe torcerá o braço. E ela chorará, porque o braço lhe doerá. Mas ela o perdoará no mesmo momento ou, quem sabe, não chegará, sequer, a odiá-lo. E lhe dirá, com o braço doendo ainda: "Gosto de você, mais que de tudo, só de você." Mais que de tudo e mais que dele, o pai, que nunca lhe torceu o braço. Só de você é não dele, o pai. E pensará, o pai, que esse porcaria de rapaz fará a filha mocinha beber whisky, e ela, que é mocinha, ficará tonta, com o estomâgo às voltas. Mas terá que sorrir. E tudo o que conseguir dela será, somente, para contar aos amigos, com quem permuta as galolices sobre suas namoradas. Ah! O pai se toma da imensa vontade de abraçar-se à filha mocinha e pedir-lhe que não seja de ninguém. De abraçá-la e rogar a Deus que os mate, aos dois, assim, abraçados, ali mesmo, antes que torça o bracinho da filha. Como é absurda e egoisticamente irracional amor de pai! Mais que ódio de fera. Ele sabe disso e se sente um coitado. Embora sem evitar que todos esses medos, iras e zelos passem por sua cabeça, tem que saber que sua filha é igual à filha dos outros; e, como a filha dos outros, será beijada na boca. Ele, o pai, beijou a filha dos outros. Disse-lhe, com ciúme, o nome feio. E torceu-lhe o braço, até doer. Nunca pensou que sua namorada fosse filha de ninguém. Ele, o pai, humanamente lamentável, lamentavelmente humano. Ele, o pai, tem, agora, que olhar a filha com o maior de todos os carinhos e sorrir-lhe um sorriso completo de bem-querer, para que ela, em nenhum momento, sinta que está sendo perdoada. Protegida, sim. Amada, muito mais. E, quando ela repetir que tem um namorado, dizer-lhe apenas:
- Queira bem a ele, minha filha.
- Pai, eu tenho um namorado.
Pai, que ouve isso da filha mocinha, pela primeira vez, sente uma dor muito grande. Todo sangue lhe sobe à cabeça, e o chão do mundo roda sob seus pés. Ele pensava, até então, que só a filha dos outros tinha namorado. A sua tem, também. Um namorado presunçosamente homem, sem coração e sem ternura. Um rapazola, banal, que dominará sua filha. Que a beijará no cinema e lhe sentirá o corpo, no enleio da dança. Que lhe fará ciúmes de lágrimas e revolta; pior ainda, de submissão, enganando-a com outras mocinhas. Que, quando sentir os seus ciúmes, com toda certeza, lhe dirá o nome feio e, possivelmente, lhe torcerá o braço. E ela chorará, porque o braço lhe doerá. Mas ela o perdoará no mesmo momento ou, quem sabe, não chegará, sequer, a odiá-lo. E lhe dirá, com o braço doendo ainda: "Gosto de você, mais que de tudo, só de você." Mais que de tudo e mais que dele, o pai, que nunca lhe torceu o braço. Só de você é não dele, o pai. E pensará, o pai, que esse porcaria de rapaz fará a filha mocinha beber whisky, e ela, que é mocinha, ficará tonta, com o estomâgo às voltas. Mas terá que sorrir. E tudo o que conseguir dela será, somente, para contar aos amigos, com quem permuta as galolices sobre suas namoradas. Ah! O pai se toma da imensa vontade de abraçar-se à filha mocinha e pedir-lhe que não seja de ninguém. De abraçá-la e rogar a Deus que os mate, aos dois, assim, abraçados, ali mesmo, antes que torça o bracinho da filha. Como é absurda e egoisticamente irracional amor de pai! Mais que ódio de fera. Ele sabe disso e se sente um coitado. Embora sem evitar que todos esses medos, iras e zelos passem por sua cabeça, tem que saber que sua filha é igual à filha dos outros; e, como a filha dos outros, será beijada na boca. Ele, o pai, beijou a filha dos outros. Disse-lhe, com ciúme, o nome feio. E torceu-lhe o braço, até doer. Nunca pensou que sua namorada fosse filha de ninguém. Ele, o pai, humanamente lamentável, lamentavelmente humano. Ele, o pai, tem, agora, que olhar a filha com o maior de todos os carinhos e sorrir-lhe um sorriso completo de bem-querer, para que ela, em nenhum momento, sinta que está sendo perdoada. Protegida, sim. Amada, muito mais. E, quando ela repetir que tem um namorado, dizer-lhe apenas:
- Queira bem a ele, minha filha.
Qualquer semelhança é mera coincidência...
Há quem acredite que a laboriosa rotina do professor seja fruto de maldição divina...
Essa misteriosa lenda docente possue semelhanças impressionantes com a realidade...
1º - Não terás vida pessoal, familiar ou sentimental.
2º - Não verás teu filho crescer.
3º - Não terás feriado, fins de semana ou qualquer outro tipo de folga.
4º - Terás gastrite, se tiveres sorte. Se for como os demais terás úlcera.
5º - A pressa será teu único amigo e as suas refeições principais serão os lanches, as pizzas e o china in box.
6º - Teus cabelos ficarão brancos antes do tempo, isso se te sobrarem cabelos.
7º - Tua sanidade mental será posta em cheque antes que completes 5 anos de trabalho;
8º - Dormir será considerado período de folga, logo, não dormirás.
9º - Trabalho será teu assunto preferido, talvez o único.
10º - As pessoas serão divididas em 2 tipos: as que ensinam e as que não entendem. E verás graça nisso.
11º - A máquina de café será a tua melhor colega de trabalho, porém, a cafeína não te farás mais efeito.
12º - Happy Hours serão excelentes oportunidades de ter algum tipo de contato com outras pessoas loucas como você.
13º - Terás sonhos, com cronograma, planejamento, provas, fichas de alunos, provas substitutivas e não raro, resolverás problemas de trabalho neste período de sono.
14º - Exibirás olheiras como troféu de guerra.
15º - E, o pior........ inexplicavelmente gostarás de tudo isso...
sábado, 13 de fevereiro de 2010
sábado, 23 de janeiro de 2010
Poema de cordel
Muito bonito esse poema de cordel. Vale a pena ler até o fim.
EMBOLADA DO MUNDO DE SHAKESPEARE
Walter Medeiros
Vou contar, vou contar...
Quero contar pra vocês
Uma história interessante
De um povo bem falante
Pois agora é minha vez
Vou contar, vou contar...
Shakspeare é o autor
Da história de Otelo
Não sei se era donzelo
Pois nisso ele não falou
Vou contar, vou contar...
Desdêmona, sua mulher
Gerava desconfiança
Pois usava até trança
Iludindo a boa fé
Vou contar, vou contar...
Iago era o alferes
Um homem muito ardiloso
Dizem que era até dengoso
No trato com as mulheres
Vou contar, vou contar...
Ele convenceu Otelo
De que a sua bela esposa
Corria mais que raposa
Atrás de um homem mais belo
Vou contar, vou contar...
Iago roubou um lenço
Que só Desdêmona tinha
E com sua ma fé todinha
Deixou Otelo suspenso
Vou contar, vou contar...
Aquele alferes tão falso
Fez mais uma presepada
Pois o lenço da coitada
Ele entregou a Cássio.
Vou contar, vou contar...
E Otelo inda dizia
Para seu amigo Iago
Que o assunto era vago
Ruindade nela não via
Vou contar, vou contar...
A coisa era mais braba
Pois com tal descaramento
O Cássio, que home nojento,
Passou o lenço na barba
Vou contar, vou contar...
Pois o mouro de Veneza
Como Otelo era chamado
Findou sendo corneado
Em sua vida burguesa
Vou contar, vou contar...
Ele era um mouro nobre
Que a República servia
Trabalhava noite e dia
Em meio a ferro e cobre
Vou contar, vou contar...
Ao seu redor, senador,
Fidalgo e o alferes
Tinha o bobo e as mulheres
Nem amante ali faltou
Vou contar, vou contar...
Marinheiro, oficiais,
Gentis homens, mensageiros,
Arautos e violeiros,
Quase ele não tinha paz
Vou contar, vou contar...
Mas não foi só sobre Otelo
Que o Shakspeare escreveu
Ele também discorreu
Sobre floresta e castelo
Vou contar, vou contar...
Ele era persuasivo
Em tudo que escrevia
Mesmo sendo fantasia
Era tudo muito vivo
Vou contar, vou contar...
Teve a Lady Macbeth
Que em sua persuasão
Convenceu o seu barão
A esquecer qualquer fé
Vou contar, vou contar...
Mandou que matasse o rei
Parecia até seu dono
Pois ela queria o trono
Mesmo por cima da lei.
Vou contar, vou contar...
Era muito egoísmo,
Invejas e ambições,
Dores, ciúmes, paixões,
Tinha até muito cinismo
Vou contar, vou contar...
Teve o Próspero, coitado!
Que numa estranha aliança
Buscou a sua vingança
Em espíritos aliado.
Vou contar, vou contar...
A maldade se reveza
Nas horas e nos minutos
Pois Cassius convenceu Brutus
A matar o Júlio César
Vou contar, vou contar...
E o rei da Dinamarca
Em fantasma transformado
Convenceu seu filho amado
Hamlet a lhe vingar.
Vou contar, vou contar...
E Romeu e Julieta
Que coisa triste e brutal
Era um feliz casal
Montéquio e Capuleto
Vou contar, vou contar...
Pois tanto eles se amaram
Mesmo contra os seus pais
Odientos e brutais
Que enfim se suicidaram.
Vou contar, vou contar...
Ainda nessa viagem
Encontramos a megera
Que nunca se desespera
Mas que levou desvantagem
Vou contar, vou contar...
O Petrúquio quem domou
A Catarina arredia
Dócil feito uma cotia
Submissa ela ficou
Vou contar, vou contar...
Aquele autor memorável
Mostrou a fraqueza humana
De forma muito bacana
Por isto é recomendável
Vou contar, vou contar...
Falou de força, fraqueza,
Também de felicidade,
Gozo, angústia, vaidade,
Era tudo uma beleza
Vou contar, vou contar.
Shakspeare era fantástico
Dizem muitos entendidos
Em seus romances sabidos
Era leve e era drástico
Vou contar, vou contar...
Escrevendo tudo à mão
Era um autor medonho
Basta ler sobre o sonho
De uma noite de verão
Vou contar, vou contar...
Ali foi muito completo
Para Hermínia e Lisandro
Que de um elfo foi ganhando
Aquele seu novo afeto
Vou contar, vou contar...
Inefável, uma beleza
Que só pode emocionar
Quando ler e apreciar
O mercador de veneza
Vou contar, vou contar...
É uma tragicomédia
Onde Pórcia e Bassânio
Tiveram idéia de crânio
Shilock abala a platéia
Vou contar, vou contar...
Agora vou acabar
Pois senão acaba a graça
Vão ler o texto da farsa
Que eu quero agora lanchar
Vou contar, vou contar...
Por isso aqui me despeço
Vou saindo de fininho
Mas tudo eu fiz com carinho
Walter Medeiros
Vou contar, vou contar...
Quero contar pra vocês
Uma história interessante
De um povo bem falante
Pois agora é minha vez
Vou contar, vou contar...
Shakspeare é o autor
Da história de Otelo
Não sei se era donzelo
Pois nisso ele não falou
Vou contar, vou contar...
Desdêmona, sua mulher
Gerava desconfiança
Pois usava até trança
Iludindo a boa fé
Vou contar, vou contar...
Iago era o alferes
Um homem muito ardiloso
Dizem que era até dengoso
No trato com as mulheres
Vou contar, vou contar...
Ele convenceu Otelo
De que a sua bela esposa
Corria mais que raposa
Atrás de um homem mais belo
Vou contar, vou contar...
Iago roubou um lenço
Que só Desdêmona tinha
E com sua ma fé todinha
Deixou Otelo suspenso
Vou contar, vou contar...
Aquele alferes tão falso
Fez mais uma presepada
Pois o lenço da coitada
Ele entregou a Cássio.
Vou contar, vou contar...
E Otelo inda dizia
Para seu amigo Iago
Que o assunto era vago
Ruindade nela não via
Vou contar, vou contar...
A coisa era mais braba
Pois com tal descaramento
O Cássio, que home nojento,
Passou o lenço na barba
Vou contar, vou contar...
Pois o mouro de Veneza
Como Otelo era chamado
Findou sendo corneado
Em sua vida burguesa
Vou contar, vou contar...
Ele era um mouro nobre
Que a República servia
Trabalhava noite e dia
Em meio a ferro e cobre
Vou contar, vou contar...
Ao seu redor, senador,
Fidalgo e o alferes
Tinha o bobo e as mulheres
Nem amante ali faltou
Vou contar, vou contar...
Marinheiro, oficiais,
Gentis homens, mensageiros,
Arautos e violeiros,
Quase ele não tinha paz
Vou contar, vou contar...
Mas não foi só sobre Otelo
Que o Shakspeare escreveu
Ele também discorreu
Sobre floresta e castelo
Vou contar, vou contar...
Ele era persuasivo
Em tudo que escrevia
Mesmo sendo fantasia
Era tudo muito vivo
Vou contar, vou contar...
Teve a Lady Macbeth
Que em sua persuasão
Convenceu o seu barão
A esquecer qualquer fé
Vou contar, vou contar...
Mandou que matasse o rei
Parecia até seu dono
Pois ela queria o trono
Mesmo por cima da lei.
Vou contar, vou contar...
Era muito egoísmo,
Invejas e ambições,
Dores, ciúmes, paixões,
Tinha até muito cinismo
Vou contar, vou contar...
Teve o Próspero, coitado!
Que numa estranha aliança
Buscou a sua vingança
Em espíritos aliado.
Vou contar, vou contar...
A maldade se reveza
Nas horas e nos minutos
Pois Cassius convenceu Brutus
A matar o Júlio César
Vou contar, vou contar...
E o rei da Dinamarca
Em fantasma transformado
Convenceu seu filho amado
Hamlet a lhe vingar.
Vou contar, vou contar...
E Romeu e Julieta
Que coisa triste e brutal
Era um feliz casal
Montéquio e Capuleto
Vou contar, vou contar...
Pois tanto eles se amaram
Mesmo contra os seus pais
Odientos e brutais
Que enfim se suicidaram.
Vou contar, vou contar...
Ainda nessa viagem
Encontramos a megera
Que nunca se desespera
Mas que levou desvantagem
Vou contar, vou contar...
O Petrúquio quem domou
A Catarina arredia
Dócil feito uma cotia
Submissa ela ficou
Vou contar, vou contar...
Aquele autor memorável
Mostrou a fraqueza humana
De forma muito bacana
Por isto é recomendável
Vou contar, vou contar...
Falou de força, fraqueza,
Também de felicidade,
Gozo, angústia, vaidade,
Era tudo uma beleza
Vou contar, vou contar.
Shakspeare era fantástico
Dizem muitos entendidos
Em seus romances sabidos
Era leve e era drástico
Vou contar, vou contar...
Escrevendo tudo à mão
Era um autor medonho
Basta ler sobre o sonho
De uma noite de verão
Vou contar, vou contar...
Ali foi muito completo
Para Hermínia e Lisandro
Que de um elfo foi ganhando
Aquele seu novo afeto
Vou contar, vou contar...
Inefável, uma beleza
Que só pode emocionar
Quando ler e apreciar
O mercador de veneza
Vou contar, vou contar...
É uma tragicomédia
Onde Pórcia e Bassânio
Tiveram idéia de crânio
Shilock abala a platéia
Vou contar, vou contar...
Agora vou acabar
Pois senão acaba a graça
Vão ler o texto da farsa
Que eu quero agora lanchar
Vou contar, vou contar...
Por isso aqui me despeço
Vou saindo de fininho
Mas tudo eu fiz com carinho
Neste montinho de verso.
Maluquices do H
MALUQUICES DO H
Pedro Bandeira
O H é letra incrível,
muda tudo de repente.
Onde ele se intromete
tudo fica diferente...
Se você vem para cá,
vamos juntos tomar chá.
Se o sono aparece,
tem um sonho e adormece.
Se sai galo do poleiro
pousa no galho ligeiro.
Se a velha quiser ler,
vai a vela acender.
Se na fila está a avó,
vira filha veja só!
Se da bolha ele escapar,
uma bola vai virar.
Se o bicho perde o H,
com um bico vai ficar.
Hora escrita sem H
ora bolas vai virar.
sábado, 9 de janeiro de 2010
Pérolas da redação do Enem 2008
Não sou neurótica por perfeição ortográfica, sei que errar é humano. Mas... não dá para ignorar alguns massacres à Língua de Camões, massacres estilísticos, semânticos, estilísticos, etc.
O tema da redação do Enem 2008 foi Aquecimento Global, e como acontece todo ano, não faltaram preciosidades.
Lá vão:
1) "o problema da amazônia tem uma percussão mundial. Várias Ongs já se estalaram na floresta." (percussão e estalos. Vai ficar animado o negócio)
Lá vão:
1) "o problema da amazônia tem uma percussão mundial. Várias Ongs já se estalaram na floresta." (percussão e estalos. Vai ficar animado o negócio)
2) "A amazônia é explorada de forma piedosa." (boa)
3) "Vamos nos unir juntos de mãos dadas para salvar planeta." (tamo junto nessa, companheiro. Mais juntos, impossível)
4) "A floresta tá ali paradinha no lugar dela e vem o homem e créu." (e na velocidade 5!)
5) "Tem que destruir os destruidores por que o destruimento salva a floresta." (pra deixar bem claro o tamanho da destruição)
6) "O grande excesso de desmatamento exagerado é a causa da devastação." (pleonasmo é a lei)
7) "Espero que o desmatamento seja instinto." (selvagem)
8) "A floresta está cheia de animais já extintos. Tem que parar de desmatar para que os animais que estão extintos possam se reproduzirem e aumentarem seu número respirando um ar mais limpo." (o verdadeiro milagre da vida)
9) "A emoção de poluentes atmosféricos aquece a floresta." (também fiquei emocionado com essa)
10) "Tem empresas que contribui para a realização de árvores renováveis." (todo mundo na vida tem que ter um filho, escrever um livro, e realizar uma árvore renovável)
11) "Animais ficam sem comida e sem dormida por causa das queimadas." (esqueceu que também ficam sem o home theater e os dvd's da coleção do Chaves)
12) "Precisamos de oxigênio para nossa vida eterna." (amém)
13) "Os desmatadores cortam árvores naturais da natureza." (e as renováveis?)
14) "A principal vítima do desmatamento é a vida ecológica." (deve ser culpa da morte ecológica)
15) "A amazônia tem valor ambiental ilastimável." (ignorem, por favor)
16) "Explorar sem atingir árvores sedentárias" (peguem só as que estiverem fazendo caminhadas e flexões)
17) "Os estrangeiros já demonstraram diversas fezes enteresse pela amazônia." (o quê?)
18) "Paremos e reflitemos." (beleza)
19) "A floresta amazônica não pode ser destruída por pessoas não autorizadas." (onde está o Guarda Belo nessas horas?)
20) "Retirada claudestina de árvores." (sem comentários)
21) "Temos que criar leis legais contra isso." (bacana)
22) "A camada de ozonel." (Chris O'Zonnell?)
23) "a amazônia está sendo devastada por pessoas que não tem senso de humor." (a solução é colocar lá o pessoal da Zorra Total pra cortar árvores)
24) "A cada hora, muitas árvores são derrubadas por mãos poluídas, sem coração." (zzzz....)
3) "Vamos nos unir juntos de mãos dadas para salvar planeta." (tamo junto nessa, companheiro. Mais juntos, impossível)
4) "A floresta tá ali paradinha no lugar dela e vem o homem e créu." (e na velocidade 5!)
5) "Tem que destruir os destruidores por que o destruimento salva a floresta." (pra deixar bem claro o tamanho da destruição)
6) "O grande excesso de desmatamento exagerado é a causa da devastação." (pleonasmo é a lei)
7) "Espero que o desmatamento seja instinto." (selvagem)
8) "A floresta está cheia de animais já extintos. Tem que parar de desmatar para que os animais que estão extintos possam se reproduzirem e aumentarem seu número respirando um ar mais limpo." (o verdadeiro milagre da vida)
9) "A emoção de poluentes atmosféricos aquece a floresta." (também fiquei emocionado com essa)
10) "Tem empresas que contribui para a realização de árvores renováveis." (todo mundo na vida tem que ter um filho, escrever um livro, e realizar uma árvore renovável)
11) "Animais ficam sem comida e sem dormida por causa das queimadas." (esqueceu que também ficam sem o home theater e os dvd's da coleção do Chaves)
12) "Precisamos de oxigênio para nossa vida eterna." (amém)
13) "Os desmatadores cortam árvores naturais da natureza." (e as renováveis?)
14) "A principal vítima do desmatamento é a vida ecológica." (deve ser culpa da morte ecológica)
15) "A amazônia tem valor ambiental ilastimável." (ignorem, por favor)
16) "Explorar sem atingir árvores sedentárias" (peguem só as que estiverem fazendo caminhadas e flexões)
17) "Os estrangeiros já demonstraram diversas fezes enteresse pela amazônia." (o quê?)
18) "Paremos e reflitemos." (beleza)
19) "A floresta amazônica não pode ser destruída por pessoas não autorizadas." (onde está o Guarda Belo nessas horas?)
20) "Retirada claudestina de árvores." (sem comentários)
21) "Temos que criar leis legais contra isso." (bacana)
22) "A camada de ozonel." (Chris O'Zonnell?)
23) "a amazônia está sendo devastada por pessoas que não tem senso de humor." (a solução é colocar lá o pessoal da Zorra Total pra cortar árvores)
24) "A cada hora, muitas árvores são derrubadas por mãos poluídas, sem coração." (zzzz....)
25) "A amazônia está sofrendo um grande, enorme e profundíssimo desmatamento devastador, intenso e imperdoável." (campeão da categoria "maior enchedor de lingüiça")
26) "Vamos gritar não à devastação e sim à reflorestação." (NÃO!)
27) "Uma vez que se paga uma punição xis, se ganha depois vários xises." (gênio da matemática)
28) "A natureza está cobrando uma atitude mais energética dos governantes." (red bull neles - dizem as árvores)
29) "O povo amazônico está sendo usado como bote expiatório" (ótima)
30) "O aumento da temperatura na terra está cada vez mais aumentando." (subindo!)
31) "Na floresta amazônica tem muitos animais: passarinhos, leões, ursos, etc." (deve ser a globalização)
32) "Convivemos com a merchendagem e a politicagem." (gzus)
33) "Na cama dos deputados foram votadas muitas leis." (imaginem as que foram votadas no banheiro deles)
34) "Os dismatamentos é a fonte de inlegalidade e distruição da froresta amazonia." (oh god)
35) "O que vamos deixar para nossos antecedentes?" (dicionários)
26) "Vamos gritar não à devastação e sim à reflorestação." (NÃO!)
27) "Uma vez que se paga uma punição xis, se ganha depois vários xises." (gênio da matemática)
28) "A natureza está cobrando uma atitude mais energética dos governantes." (red bull neles - dizem as árvores)
29) "O povo amazônico está sendo usado como bote expiatório" (ótima)
30) "O aumento da temperatura na terra está cada vez mais aumentando." (subindo!)
31) "Na floresta amazônica tem muitos animais: passarinhos, leões, ursos, etc." (deve ser a globalização)
32) "Convivemos com a merchendagem e a politicagem." (gzus)
33) "Na cama dos deputados foram votadas muitas leis." (imaginem as que foram votadas no banheiro deles)
34) "Os dismatamentos é a fonte de inlegalidade e distruição da froresta amazonia." (oh god)
35) "O que vamos deixar para nossos antecedentes?" (dicionários)
"Metalinguando"
Esta redação foi destacada como exemplo de criatividade por uma corretora de redações da FUVEST em uma palestra a estudantes de Letras . Bem interessante. Infelizmente não sei o nome do autor. Contudo, vale a pena ler...
Escrever...
Um aluno diante da prova de redação do vestibular, praticamente paralisado. Um cronista conhecido debruçado, às três da manhã, sobre a folha que, embora ainda vazia, deverá estar cheia e bem cheia (qualitativamente falando), sobre a mesa de um editor em menos de cinco horas. O que duas figuras tão diferentes, porém tão igualmente angustiadas, têm em comum? Simples. Ambos têm um trabalho de Hércules a cumprir: escrever!
A dificuldade de escrever tem sido tema de um número não muito pequeno de autores, alguns anônimos, outros conhecidos e reconhecidos. São raros os autores que nunca tenham feito referência, mesmo que sutil, a essa missão quase impossível que é escrever.
As preocupações variam. Nós, pobres mortais, temos preocupações básicas: a gramática, a estrutura, o tema, o título. Ah, o título! Este é o campeão das preocupações do "escritor pobre mortal". Por isso, não é raro nos esquecermos dele, sintoma de algum processo de rejeição... Talvez a psicanálise explique...
Por outro lado, existem as preocupações mais apuradas, aquelas a que se dedicam os grandes mestres da arte: a métrica, a forma, o estilo. O cuidado com as figuras de linguagem, já que qualquer erro pode transformar um pleonasmo de figura em vício de linguagem por excesso de repetição. São perigosos os caminhos da Língua.
Mas há uma preocupação que é fundamental, que atinge indistintamente todos os autores (ou similares), que é o leitor. O leitor aparece em todos os pesadelos do autor, seja o leitor anônimo das grandes bibliotecas, ou o corretor da redação do vestibular (este principalmente). O leitor é o X da questão , é aquele a quem devemos nos dirigir e, no entanto, não sabemos quem é, o que pensa, ou o que espera de nós. Pensando nisso, podemos chegar a uma conclusão bastante interessante. Não é à toa que grandes nomes de nossa literatura se utilizam do leitor virtual. Isso o torna, se não íntimo, pelo menos conhecido. O que, convenhamos, jé é alguma coisa.
É, a arte de escrever necessita mais que arte. necessita manha, Arte e manha. Artimanha.
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Uma redação imprópria para menores
Redação muito criativa de uma aluna da UFPE...
Mas... imprópria pra menores...
'Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto. Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise,e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta. Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história. Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edificio. O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino. O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.'
'Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto. Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise,e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta. Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história. Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edificio. O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino. O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.'
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Espiritualidade, dúvidas e o Natal
Rosilene G. Ribeiro
Com o passar do tempo nossa visão de mundo e das pessoas vai alterando-se. Isso devido ao contato com uma diversidade cada vez maior de lugares e pessoas em inusitadas ou comuns situações. Alguns de nós temos o privilégio de ter transitado em meios bem distintos entre si. Podem ser cidades diferentes ou espaços desiguais dentro de uma mesma cidade. Em se tratando do Brasil, pode-se perfeitamente ter a impressão de mudança de cidade dentro de uma mesma cidade, ou de país dentro do mesmo país. Enfim, nossa maturidade só é possível graças a experiências com o novo, o diferente. Em relação à espiritualidade o mesmo princípio é cabível. Nessa área da existência humana, as diversidades associam-se entre si e dançam a um ritmo paradoxal, formando uma bela coreografia. Espírito e matéria, sagrado e profano, reverência e humor, fé e dúvida, Céu e Terra, Deus e o Homem.
A aparente contradição entre esses termos diminuem com o avançar dos anos e já não é mais tão simples defini-los, aliás, as “definições” transformam-se em “conceitos”. E então surgem as saudáveis questões: Onde exatamente está o limite entre o espírito e a matéria? Será que o primeiro é mesmo um espectro flutuante absolutamente oposto ao concreto? Quem pode nos convencer de que uma risada de criança, captada por nossa humana audição, ou o sorriso estampado na face de quem a gente ama, e vistos por nossos olhos, que nos dão tanto prazer, não sejam espirituais?
O sagrado, desgastadamente associado à religião, por que não enxergá-lo no cotidiano, quem nunca sentiu um sabor ou cheiro divinos, não recebeu um abraço ou sentiu o calor de outro corpo que o fez transcender? Alguém tem coragem de dizer que isso é profano?
Reverência e humor precisam ser antônimos? Qual a razão de associar respeito a mau-humor? Será que alegria, prazer e fruição não podem nos levar à deferência muito mais do que imaginamos?
A Dúvida tem sempre que percorrer a contramão da fé? Não será possível que daquela nasça esta ou que a fé renasça muito mais forte depois da dúvida?
Dá para fechar os olhos para a beleza celestial das cores combinadas do mar, areia, pedras e folhas em uma praia? De onde será que vem a expressão “paradisíaco” para nos referirmos a lugares encantadores da Terra?
Dá para fechar os olhos para a beleza celestial das cores combinadas do mar, areia, pedras e folhas em uma praia? De onde será que vem a expressão “paradisíaco” para nos referirmos a lugares encantadores da Terra?
Finalmente, pergunto-me se é possível dizer que Deus está distante do Homem quando me lembro da Encarnação, onde Deus desceu as escadas e encontrou-se conosco, e não sendo isto o bastante, Deus tornou-se como nós.
Com o passar do tempo e o acumular de experiências, tenho mais perguntas que respostas, e essas questões fazem aumentar em mim certezas que vão se fortalecendo e dando forma a espiritualidade que encontro em mim. Natal para mim já foi a visita do papai Noel... Já foi o prazer da ceia... Já foi a beleza dos fogos... Já foi a esperada época de férias escolares... Mas hoje é o solene encontro entre Deus e o Homem. É o memorial de celebração do Deus-Homem, do Homem-Deus que abriu as esperanças de que outras realidades também se fundam, de que o tremendo invada o ordinário, quando isso acontecer, não será para dividir novamente a História, será para marcar seu FIM.
sábado, 12 de dezembro de 2009
PERFEITA METÁFORA
MURALHAS
Desde os tempos de criança agora sei
A tua graça esteve sobre mim
Lá em casa eu aprendi a te amar
E a cada dia Fostes sendo meu
Por tantas vezes quase que eu morri
Mas tinhas muita vida pr'eu viver
E quando eu tentei fugir de ti
Fiquei sabendo o tanto que sou teu
Ah ! hoje eu sei que estavas ali
Quando eu tive que em fim me enxergar
A minha alma chorava a seu modo
Escrevendo canções para ti
Ah! me seguiste por tantas esquinas
Me guardaste nos becos sombrios
Me levaste aos porões da minha alma
Me trouxeste de volta pra casa
HOJE EU SEI QUE ESTAVAS ALI
EU VIVI ENTRE AS FORTES MURALHAS
QUE TUA GRAÇA ERGUEU SOBRE MIM
ANTES MESMO DO TEMPO EXISTIR
Stênio Marcius
Essa música belíssima traduz, com brilhantismo, uma oração interna que minha alma faz a Deus.
É desse jeito que O reconheço em minha história... em cada época, nos risos, nas lágrimas, em todos os sinuosos caminhos de minha jornada. SUA GRAÇA é essa perfeita metáfora: "MURALHA", erguida ao meu redor preservando-me sempre, é forte, imutável, constante, eterna.
Soli deo gloria
sábado, 7 de novembro de 2009
Aprendi com algumas leituras deste ano...
Amor de perdição - Camilo Castelo Branco:
As pupilas do senhor reitor- João Dinis:
1-Eu odeio Simão Botelho; ( Ainda crio uma comunidade no Orkut com esse nome!)
2- Mariana deveria ter entrado no poema "Quadrilha" do Drummond;
3- Mulheres como Teresa não existem;
As pupilas do senhor reitor- João Dinis:
1- A beleza não põe mesa;
2- Já agi feito a Margarida, aliás, me acho parecidíssima com ela;
2- Já agi feito a Margarida, aliás, me acho parecidíssima com ela;
3- Pedro devia ser "moreno, alto, forte e espadaudo";
4- Homens como Daniel fazem mulheres como eu e a Margarida sofrermos;
5- Adorei a lição do Reitor sobre jogatina;
5- Adorei a lição do Reitor sobre jogatina;
1-Esse cara era muito louco;
2-Ainda bem que eu não o conheci, sou mulata! ;
1-"Iracema é que era mulher de verdade..."- claro descontados os exageros românticos
Senhora- José de Alencar
1-O troco que toda mulher quer um dia poder dar...
2- Luísa, ah! Luísa, "Que burra! Dá zero pra ela!"
3- Mulheres como Luísa dão sentido a existência de homens como Basílio;
4- Juliana é a personagem mais realista da história;
1-Muito nojentas as fialhices do Fialho, naturalíssimo impressionista!
Memórias Póstumas de Brás Cubas e o conto "pai contra mãe" - Machado de Assis:
1- O gênio literário se fez carne e habitou entre nós... Ilustre mulato!"
2- Adoro as malcriações do Brás Cubas contra o leitor;
1-O calígula do Camus é uma caricatura do poder e suas consequências...
2-Todo ditador é meio Calígula;
3- P.s. Não assistir ao filme com o mesmo nome!
sábado, 25 de julho de 2009
Te vejo Poeta
Te vejo Poeta quando nasce o dia,
E no fim do dia quando a noite vem.
Te vejo Poeta numa flor escondida,
No vento que instiga mais um temporal.
Te vejo Poeta no andar das pessoas,
Nessas coisas boas que a vida me dá.
Te vejo Poeta na velha amizade,
Na imensa saudade que trago de lá.
Contudo O Poema, Tua obra de arte,
Destaca-se a parte numa cruz vulgar.
Custando o suplício de Teu filho amado,
mais alta expressão do ato de amar.
Te vejo Poeta...
João Alexandre
MILAGRE EDITORIAL
“Se um autor vindo de uma província perdida no meio de um continente desconhecido chegasse a um editor com um manuscrito escrito em uma língua misteriosa e anunciasse que a sua obra seria traduzida em milhares de idiomas e dialetos; seria lida durante dois milênios por centenas de milhões de leitores de todas as nações da Terra; inspiraria três religiões universais: o judaísmo, o cristianismo e o Islamismo além de milhares de confissões e seitas; dissesse que sua obra provocaria revoluções e guerras, e ao mesmo tempo suscitaria com semelhante intensidade, entregas místicas e heroísmos nunca vistos; que sua obra, dois ou três milênios depois de escrita, continuaria a ser vendida em todo o mercado editorial do mundo com edições de milhões de exemplares por ano (a Sociedade Bíblica do Brasil imprime 6.000.000 de Bíblias por ano); dissesse que uma enorme parte da humanidade veria nela o último recurso e uma fonte de salvação e esperança; dissesse ainda que sua obra fora escrita por Deus através de quarenta autores diferentes, que não necessariamente foram contemporâneos entre si porque conviveram ou escreveram o texto num período aproximado de 1.500 anos, e que a sua obra é uma compilação de 66 livros... e dissesse: -Este é um livro que eu quero que você imprima e venda. Você já pode imaginar que este desconhecido com um manuscrito na mão seria considerado um louco. Se um milagre é o que torna real o impossível, estamos diante de um milagre no campo da comunicação universal”
André charak - Linguísta
sábado, 13 de junho de 2009
O Sr. mercado rsrsrs
operários- Tarsila do Amaral
O Mercado é o novo fetiche religioso da sociedade em que vivemos. Antigamente, nossos avós consultavam a Bíblia, a palavra de Deus, diante dos fatos da vida. Depois, nossos pais consultavam o serviço de meteorologia: "Será que nesses dias vai chover?" Hoje consulta-se o mercado: "Será que o dólar desvalorizou ? Subiu a Bolsa? Como funcionou o mercado de capitais?" Observem na televisão os políticos diante de uma catástrofe, de um acontecimento inesperado: " Bem, vamos ver como o Mercado reage." Fico imaginando um senhor, Mr. Mercado, trancado no seu castelo e gritando pelo telefone celular: " Não gostei desse negócio aí, estou meio irado." E, na mesma hora os telejornais destacam: "O Mercado não reagiu bem diante do acontecimento."
Crise da Modernidade e Espiritualidade - Frei Betto, em O desafio Ético.
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